Fim do expediente, a noite chega e as pessoas saem para fazer suas caminhadas ou irem a academia. E não podem ir a pé ou de bicicleta, elas precisam ir com seus carros, cada uma com o seu particular, a sua bolha protetora, a extensão da sua casa para a rua e não pode esquecer o valor de status que ele possui, “o elevador social” como disse meu amigo Luddista neste post.
A necessidade de fazer exercícios para evitar o sedentarismo e a “barriga” que esse meio modal promove é cada vez mais necessária, nossas crianças estão entrando na obesidade cada vez mais cedo, e sofrendo com a poluição do ar adquirindo problemas respiratórios, como também nossos idosos e nossos jovens sonham nos 18 anos para fazer parte dessa “sociedade aprisionada sobre quatro rodas”, muitos desses morrem em “acidentes de carro”, e a cada ano o número de mortes vem aumento, mas para a sociedade e telejornais são apenas estatísticas, eles deixam de ser vidas, de serem pessoas e se transformam em números.
Percebam nesta foto o espaço ocupado por 6 carro, e 6 bicicletas humildemente no canto direito do prédio, “os carros têm que perder espaço”.
Deixo aqui meus parabéns à essas pessoas que, mesmo que indiretamente, acreditam em outras formas de transporte na cidade.
típico adesivo de academia: " pratico sedentarismo "
post criado por: Felippe César
Associação Ciclo Urbano
3 comentários:
Conheci hoje o site e a causa de vcs, da qual sou simpático e participante. Se me permitem, mandarei um post que coloquei no meu blog meses atrás e,se quiserem, fiquem à vontade para reproduzi-lo. Sou jornalista, moro no Recife, e brevemente vou trocar minha velha Aspen de 10 anos por uma city-tour e aí, sem dúvida, vou virar mais ainda militante dessa causa.Ah, e fazer propaganda do site de vcs. Muito prazer. Bicicleta, sempre.
Finalmente adotei a bicicleta como meu transporte diário. Não, não dispensei o carro como o transporte principal mas estou usando a bike para ir ao mercado, ao banco ou qualquer lugar perto demais para se ir de carro e longe demais para encarar uma caminhada. Economizo gasolina, faço exercício e ainda dou minha modesta contribuição para diminuir a poluição da cidade. Adoro bicicleta mas, até agora, as minhas pedaladas estavam restritas as trilhas nas estradas de terra nos finais de semana junto com um grupo de amigos. Pedalar no meio do mato tem a grande vantagem de não ter que se preocupar com o trânsito, e esse era o maior empecilho para que eu não me aventurasse pelas trilhas urbanas, essas sim, muito mais selvagens e perigosas.
Pois bem, faz três dias que saio diariamente para pedalar entre uma e duas horas por dia na cidade. E acabei descobrindo uma experiência antropológica por trás disso. Eu explico: bicicleta, pelo menos aqui na minha cidade, é transporte de pobre e assim é tratado pelas autoridades municipais, o comércio enfim...com desprezo. Recife tem modestos 7 km de ciclovia ou ciclofaixas (um arremedo que consiste em faixas pintadas no asfalto mas que até funciona). Quando paro num semáforo específico para ciclistas me sinto, por uns segundos, no primeiro mundo. Mas basta terminar a pintura no asfalto para começar a fechada dos ônibus, motociclistas, motoristas e até pedestres que insistem em considerar invisível quem pedala seu próprio transporte. Nos mercados, bancos e outros estabelecimentos até existem bicicletários. Geralmente ficam longe da entrada principal, nos fundos, junto a entulhos e depósitos. Outro dia, parei num hipermercado novo e mais uma vez, me indicaram o local para estacionar a bicicleta nos fundos do terreno. Para minha surpresa, havia um vigilante de prontidão lá. Fiquei surpreso com atenção da loja e fui perguntar ao próprio funcionário o porquê daquela segurança toda. Minha admiração durou pouco. O vigilante estava ali porque era comum os lanceiros, batedores de carteira e outros larápios de menor estirpe chegarem de bicicleta pra rondar a loja a espera de algum bote. Então tá...
Outra coisa engraçada. Fica difícil ir trabalhar de bike numa cidade onde a temperatura média é 30graus. Quando cheguei neste mesmo supermercado e entrei na loja, precisei pedir informações a uma vendedora. Notei o ar de....certo asco por parte da distinta em ter que lidar com alguém de cabelos desgrenhados e camisa empapada de suor. Bom, ou me acostumo com a cara feia das pessoas ou vou pedalar no Pólo Norte.
Quando falei que bicicleta era transporte de pobre aqui, não estava brincando. Meus colegas de bike, com quem divido a adrenalina das ruas, são na sua maioria, sub-empregados, desempregados e biscateiros. Guiam bicicletas velhas, sem marchas, antigas e pesadas, sem nenhum tipo de refletor ou iluminação, com pneus lisos, correntes enferrujadas e o que é mais assustador: muitas delas sem nenhum freio. Quem pedala nessas condições, usa a sola das sandálias ou os pés descalços, raspando no pneu ou no próprio asfalto, quando querem parar. Outro dia, precisei frear de repente para me livrar pela enésima vez da fechada de um motoqueiro abusado; o ciclista que veio atrás de mim, um senhor guiando a clássica Barraforte, também teve que segurar firme no freio. Felizmente ele não era um dos que simplesmente dispensam a manutenção de sua bike no mais elementar item de segurança. Ou minha bike teria virado uma tandem involuntariamente.
Engraçado que vejo crescer a procura pelos grupos de bikers na cidade. Gente que adora tecnologia, eles andam sempre equipados com capacetes, armaduras , GPS (para saber a distância que falta até o barzinho que marca o fim da pedalada) e bicicletas que podem custar o preço de uma moto ou de um caro usado, bikes de fibra de carbono, full suspension e com freio à disco. Ou seja, gente de classe média, que anda em grupos e até alguns com batedores em motocicletas especialmente contratados. Esse pessoal até se beneficia do exercício ao ar livre e do prazer em deslizar tendo uma nova visão da cidade que o enclausuramento em um carro ou numa academia não permite. Mas esse pessoal modista high-tec dificilmente vai sentir na pele as agruras de quem usa bicicleta não por prazer mas por falta de opção. Que precisa economizar na passagem do ônibus o dinheiro do pão e que tem pouca ou nenhuma atenção dos planejadores urbanos, gerentes de trânsito e autoridades. Ou seja, essa massa de gente carente e esforçada, que não reivindica, é quem mais precisa e não tem.
Minha experiência não parece muito inspiradora para quem quiser adotar a bike no seu dia-a-dia, não? Pelo contrário. Sinto que com a prática, já não me assusto tanto com os finos dos ônibus e estou até mais safo para os perigos do trânsito. Pedalar na cidade exige esforço físico e mental e essa atenção me faz chegar ao meu destino como quem enfrentou um desafio e venceu. É uma sensação boa poder ir e vir ao mesmo tempo em que se mantém contato com tudo o que a cidade tem de bom e de ruim. É uma experiência física, sensorial e sociológica. Andar de bike na rua deixa meu dia mais rico.
e ai Ed, fico muito feliz em ver que existem pessoas por todo o Brasil que ainda são sensibilizadas pelos problemas Ambientais e Urbanos no Brasil e no Mundo.
esse comentario abaixo é a sua proposta de post em nosso blog? por que se não for, serviria muito bem como post também.
Manda um e-mail para nós, caso voce tenha alguma foto que voce acha que represente sua proposta de post.
Saiba que estamos sempre abertos a novas ideias, visões, acontecimentos e pode estar passando para nós e dependendo publicaremos no blog.
ciclourbano@yahoo.com.br
e para finalizar qual seu blog?
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